Criança vê, criança faz. Apesar dos meios sociais terem
adquirido um espaço maior do que desejado na fonte de transmissão de
informações de conduta para crianças e adolescentes, é necessário termos
ciência e compreensão de que é nafamília o devido lugar para a disseminação dos
valores morais e dos padrões de conduta, ou seja, a promoção da educação infantil.
Além da
responsabilidade e ciência dos pais de que são e sempre serão modelos e
exemplos a serem seguidos pelos seus filhos, consequentemente existe também o
dever de promover meios para que as crianças aprendam a se relacionar socialmente
de forma adequada e respeitosa, apresentando hábitos adequados nas mais
diversas situações cotidianas. Para isso, torna-se
necessária a imposição de regras, que são imprescindíveis na educação de uma
criança. Lembrem-se, a criança precisa ter o seu comportamento moldado,
ensinado e espelhado por seus pais e educadores. Ela não nasce sabendo, e o
descumprimento daquilo que acreditamos ser comportamentos adequados, serão
sempre comuns.
Dúvidas frequentes dos pais e educadores
são quais e como as regras devem ser estabelecidas, quais castigos devem ser
usados frente às desobediências das regras e quais recompensas podem ou devem
ser dadas com a efetivação e cumprimento das regras.
Então vamos
lá! Partindo do recomendadíssimo livro “Pais Presentes, Pais Ausentes: regras e
limites”, da autora Paula Inez Cunha Gomide, devemos ter em mente:
Deve-se
buscar o estabelecimento de poucas regras, que sejam flexíveis e realmente
possam ser cumpridas!!!
Exemplo:
“Se uma mãe deseja que o filho
junte os brinquedos da sala, ela poderá iniciar o treinamento da seguinte
forma: no princípio ela irá ajudá-lo mostrando como fazer, elogiando o seu
desempenho e incentivando-o a colocar os brinquedos no lugar certo. Estes primeiros
passos devem ser dados muito cedo, quando a criança ainda é pequena, entre dois
ou três anos. A mãe deve pegar na mãozinha da criança e colocá-la sobre o
brinquedo apreendendo-o. Neste momento a mãe deve dizer, sorrindo, que está contente,
que ele (a) está indo muito bem. Gradualmente, a mãe deve deixar de ajudar a
guardar os brinquedos, apenas orientando e elogiando o filho ao final da
tarefa, até que o comportamento esteja bem estabelecido. Desta forma a criança
aprende a regra, passo a passo, e se sente capaz de executar o pedido da mãe. Por
outro lado, se a mãe diz ‘arrume seu quarto, junte os brinquedos, faça a
tarefa, penteie os cabelos, corte as unhas’, etc., para uma criança que não
executa nenhuma dessas atividades, a chance de fracasso é enorme” (GOMIDE, p. 14).
Os pais e
educadores não devem estabelecer várias regras ao mesmo tempo, que sejam
rígidas e difíceis de serem cumpridas. Quando isso ocorre, a criança ou
adolescente sente-se saturado deixando de prestar a atenção, ignorando-as ou
burlando-as. Nos casos em que as regras são difíceis de serem cumpridas, a
chance de serem descumpridas é muito maior, assim como a sensação de fracasso
tanto para os pais quanto para a criança/adolescente.
Deste modo, os pais estarão ensinando aos seus filhos
que as regras podem ser descumpridas, assim como sua autoridade pode ser
desrespeitada, levando os jovens a não aceitarem também as diversas outras
normas e imposições sociais.
É comum que diante do desrespeito das
regras surjam os castigos e as ameaças. Não entrarei no mérito das punições
com violência física, justamente por considerar impróprio, inadequado e
desnecessário (o assunto fica para outra oportunidade). Do mesmo modo,
ressalta-se a mesma ineficácia e violência dos castigos com privação de
necessidades básicas, como de alimento, sono ou carinho. Destaco que quando me
refiro a castigos, referencio as estratégias para orientar o comportamento das
crianças e adolescentes, sendo recomendado a retirada de “algum tipo de lazer”
por um curto período de tempo. Sobre isso é necessário destacar:
Deve-se
escolher um castigo possível de ser cumprido e, principalmente, que os pais
consigam controlar.
Ou seja, caso
os pais e educadores não tenham meios de controlar o descumprimento do castigo,
ele não deve ser estabelecido! A ameaça é ineficaz e gera um relacionamento
irritadiço e estressante entre pais e educadores com o educando. Frente a um
comportamento indesejado, é importante destacar:
O castigo
não deve ser aplicado após ter passado muito tempo.
É necessário
que os pais e educadores ajam diante de um comportamento inadequado. É comum
que por não saberem como agir os pais “deixem passar” determinada situação,
seja por uma real dificuldade ou mesmo indisposição. Contudo, em um próximo e
diferente comportamento inadequado, lembrar dessa anterior situação e aí então
querer dar uma punição não terá o mesmo significado. As atitudes consideradas
indesejáveis devem ser orientadas de forma imediata.
A falta de constância nas orientações e
atribuições de castigos frente a uma atitude indesejável torna a educação e
seus ensinamentos flexíveis e confusos, ocasionando uma incerteza e insegurança
na criança ou adolescente daquilo que é certo ou errado, dos valores adequados
e do que é respeito. As crianças e adolescentes que são educados com regras
flexíveis e confusas tornam-se adolescentes ou adultos que não respeitam as regras na
escola e demais instituições, não respeitando também os professores e demais autoridades. Além disso, aprendem a manipular
emocionalmente para ter aquilo que querem, ou então, a serem agressivos frente às
negações de seus desejos. Passam a enxergar tais atitudes transgressoras como
fontes e formas de obter o que desejam.
Se os pais e educadores optarem por dar recompensas aos filhos quando cumprem uma regra estabelecida,
lembrem-se, valores morais e éticos são
deveres comuns e cotidianos. Os bens materiais não devem ser ensinados a
serem recompensas frequentes, e sim em raros casos (isso pode se tornar uma prática insaciável!). No cumprimento de
combinados e na efetivação de comportamentos adequados, o seu carinho, elogios
e atenção devem ser a recompensa pelos comportamentos de seus filhos. Antes de
tudo, está o seu bom senso entre aquilo que está exigindo como sendo um
comportamento adequado e o seu próprio exemplo deste mesmo comportamento, que
deve estar sempre a disposição a ser seguido pelos seus filhos e/ou educandos. Referência: GOMIDE, Paula Inez Cunha. Pais Presentes Pais Ausentes: regras e limites. Rio de Janeiro: Vozes, 2013.
As teorias
psicanalíticas têm o mérito de ter insistido na importância das primeiras
relações da criança enquanto experiências fundamentais no desenvolvimento do
ser humano. Para compreender um pouco melhor os diferentes métodos e técnicas
de se atuar na psicanálise com bebês, devemos refletir a respeito dos objetivos
desta atuação. De acordo com Queiroz (2011), a psicanálise em geral não deve
ter objetivos definidos, pois a finalidade e os resultados são imprecisos. Dentro
deste contexto, de se considerar a subjetividade de cada caso e seus objetivos
particulares, fala-se do objetivo da psicanálise com bebês ser o de prevenção.
O bebê é tanto um
evento novo como uma história antiga no contexto familiar, pois além de trazer
características peculiares a ele e se inserir na relação com seus pais, ele
encontra nessa relação antigos temas, conflitos e necessidades que muitas vezes
não estão resolvidas e são revividas pela
família.Os atendimentos na
clínica psicanalítica com bebês e seus pais possuem três características que
lhe são específicas: são atendimentos breves, focais e o paciente não é o bebê, mas sim, a relação dos pais com seu bebê.
O foco deve ser determinado e relacionado com as necessidades que o bebê
apresenta. A brevidade do trabalho se justifica porque essas necessidades são
urgentes – o desenvolvimento é contínuo e acelerado e não pode parar esperando
pela resolução de problemas (FARIAS, 2007).
Deve-se ter em mente que a psicanálise não é
só da fala, é também da escuta e é nesse sentido que a clínica com bebês se faz
possível. Na clínica com crianças o psicólogo escuta, ou melhor, lê seus desenhos e brincadeiras, com adultos busca a captura dos escritos do inconsciente que se
apresentam na fala, e com o bebê trabalha na leitura das inscrições do Outro (os
cuidadores primários) em seu
corpo, este sendo o campo da escuta analítica nesta clínica peculiar (RIANNI,
2011).
Entre as
possibilidades de atuação em Psicanálise de bebês na contemporaneidade, destaca-se o trabalho iniciado por Winnicott e Bion, que ao incluir que devaneios,
fantasias e identificações projetivas na relação da mãe com o bebê eram
importantes para o estudo do desenvolvimento da vida psíquica, da
psicopatologia e das perturbações do vínculo na criança, deram espaço para um
início de uma psicoterapia voltada para
a relação entre pais e bebê (FARIAS, 2007).
Pinto (2004), afirma
que a interação entre pais e bebê relaciona-se estreitamente com a
representação que os pais têm sobre a criança, e disso resultam diferentes representações tanto para o pai quanto para a mãe, pois cada um teve seu filho em um momento de sua história e atribuem a esse
bebê significados específicos. Klaus e Kennel (1993) ressaltam que há muita
importância no laço entre pais e
bebês, pois esse relacionamento entre eles é formativo, já que a criança desenvolve um sentido para ela mesma devido a uma
auto-imagem que seja segura e apropriada. Sendo assim, o apego com os pais irá influenciar, por toda a vida desse indivíduo,
as características dos laços desenvolvidos com outros indivíduos no futuro.
Dessa forma esse vínculo entre os pais e seu bebê transcende o interesse em
apenas alimentar, trocar ou tomar conta, mas envolve também o cuidado e o
colocar-se no lugar do bebê, ter percepções acerca de suas necessidades tanto
físicas quanto emocionais.
Um dos motivos comuns para se buscar um psicólogo nessa idade é o
transtorno dadepressão pós-parto, sendo um exemplo de como
os três pressupostos do atendimento aos pais e seu bebê compreendem uma forma específica
e eficaz de trabalho. Algumas perturbações psíquicas da mãe (ou do cuidador primário) podem repercutir de
forma direta no desenvolvimento da criança, dessa forma, a noção de
funcionamento psíquico compartilhado ganha grande importância, pois uma
aproximação seguida de um distanciamento da mãe, para o bebê pode causar o
aparecimento de transtornos graves no que se refere a contatos interpessoais e
nos relacionamentos afetivos futuros (FARIAS, 2007).
Farias (2007) afirma
que três questões envolvem-se diretamente com a depressão pós-parto. Uma delas
refere-se ao que as mães pensam sobre a depressão pós-parto, pois muitas vezes
elas podem queixar-se de dor, cansaço, falta de leite ou outros problemas de
ordem física, mas nunca podem queixar-se de depressão, há nesse sentido uma
associação com a imagem de uma “mãe má”, que não é socialmente aceita. Uma
segunda questão citada pela autora é o fato de os profissionais que cuidam
dessas questões prestarem muita atenção nos sintomas do bebê, no desamparo, no
desinteresse da mãe, mas não olham para a mãe como deprimida e sim como
rejeitante, e dessa forma, não há uma compreensão do problema, restringindo assim a terapêutica. A terceira questão diz respeito ao formato do
atendimento psicoterapêutico dessa depressão: individual ou conjunto. O
atendimento conjunto é o mais indicado, pois pode tratar simultaneamente a
perturbação da mãe e também o vínculo mãe-filho; a presença física do bebê é
fundamental, os olhares, os toques, a escuta e outros elementos podem ajudar com que se estabeleça e se fortifique o vínculo da mãe
com seu filho, pois o vínculo é o objetivo principal desses atendimentos
(FARIAS, 2007).
Referências
FARIAS,
E. P. A Clínica psicanalítica com o bebê
seus pais. In: CORREA, Olga. (org) Grupo familiar e Psicanálise:
ressonâncias clínicas. São Paulo: Vetor, 2007.
KLAUS
M. & KENNEL, J. Pais/bebê – a formação do apego. Porto Alegre: ArtMed, 1993.
PINTO,
E. B. Os sintomas psicofuncionais e as
consultas terapêuticas pais/bebê. Estudos de Psicologia, 9, 3, 451-457,
2004.
QUEIROZ,
T. C. N. A Técnica Psicanalítica com os
bebês. Disponível em:
http://www.escolafreudianajp.org/arquivos/trabalhos/A_tecnica_psicanalitica_com_bebes.pdf
Acesso em 16/10/2011.
RIANI, A. C.
P. R. A psicanálise na clínica com bebês.
Sociedade de Estudos Psicanalíticos de Juiz de Fora, 2011. Disponível em:
http://psicanaliseebarroco.pro.br/dados/obras/psicanalise%20na%20clinica%20com%20bebes.doc
acesso em 15/10/2011.
São inúmeros os motivos
que levam o indivíduo a procurar um psicólogo para si mesmo, para seus filhos
ou conhecidos. Assim como se busca um dentista quando se está com alguma dor de
dente, o psicólogo deve ser procurado quando algo não está bem emocionalmente, quando
se precisa de ajuda para lidar com as emoções e conflitos psicológicos.
A diversidade de questões que podem ser trazidas pelo paciente à clínica é infinita. Alguns exemplos comuns são
a ansiedade, as angústias, medos, problemas de relacionamento, depressões e tantas
outras dificuldades que prejudicam a pessoa de levar uma vida saudável. Na pressa
do cotidiano não conseguimos parar para refletir sobre nós mesmos, nossa vida, atitudes
e decisões que nos guiaram a estar onde estamos e da forma como nos encontramos.
E por mais que paremos para pensar, deparamo-nos com problemas e muitas vezes
com a incapacidade para lidar com eles.
A psicoterapia é um
processo conjunto de construção e enfrentamento dessas questões que incomodam.
Procurar por ajuda do psicólogo é um sinal de coragem e maturidade, afinal, o processo nem sempre é prazeroso e as mudanças são difíceis! Mesmo assim, em determinados casos se tornam necessárias.
O termo Psicologia
significa o estudo da alma e essa ciência se propõe a estudar e a compreender o
ser humano em sua essência com todas as peculiaridades de sentimentos, desejos,
razões, emoções, instintos e suas interações consigo mesmo, com o ambiente e
com o próximo. Analisa-se sem julgar cada paciente em sua imensa singularidade e subjetividade.
Deste modo, optar por
fazer psicoterapia é optar por cuidar de si mesmo, de suas emoções e de lidar com verdades,
destinando um tempo somente a você, que está buscando investir em qualidade de
vida.
Os
padrões de beleza a que nos submetemos cotidianamente não são novidades para
ninguém. Padrões de estética, de vestuário, escrav@s da beleza, o assunto realmente
não é notícia, e verdadeiramente está mais preocupante a cada novo dia.
O
que impressiona é que a imagem própria, aliás, o modo como os indivíduos se
enxergam, afeta sim a auto-estima, e muitas vezes as escolhas, os amigos que se
permitem fazer, os empregos a que se candidatam e etc. O fato de não estar se
sentindo bem com a imagem pessoal pode ser um dos fatores a levar o sujeito a
se fechar em si mesmo, evitando interações sociais e simplesmente passar a frequentemente não se
sentir bem, atribuindo isso a outros âmbitos da vida pessoal.
Isso
demanda que nas obrigações do dia a dia tenha-se que ir desenvolvendo uma nova identidade
para conseguir lidar com os padrões inalcançáveis. Em suma, refere-se aos sujeitos
que com frequência vivem através de uma fachada falsa, superficial e adaptada
ao meio. E isso dá trabalho, cansa!
A reflexão que trago hoje, é sobre o quanto a imagem que temos e conhecemos de
nós mesmos já pode estar alterada negativamente por padrões sociais de beleza impostos, nos prejudicando desnecessariamente.
Vale muito a pena dedicar seis minutos de seu tempo para assistir a este vídeo
de uma campanha publicitária, que ilustra imensamente a discussão de hoje:
Ouvir palavras repletas de dor, angústia ou sem
nexo aparente, pode vir a ser um trabalho intenso. Mais ainda, se nos
propomos a não fazer juízos críticos e a tentar desvendar o material
inconsciente que se encontra por trás desse discurso.
É a isto
que se propõe a escuta psicológica. A manter uma atitude profissional, que ouve
a partir de seus valores e crenças, mas não os coloca em ação como juízo na
interpretação da escuta do discurso de quem está sendo analisado.
Essa neutralidade a que o psicólogo se propõe aponta para um papel que não é o de sugerir, nem
julgar a vida do sujeito que está sendo analisado. É uma escuta no sentido pleno do termo, que faz com que o discurso se modifique
e adquira um sentido novo aos próprios ouvidos do analisado, assim como para
quem analisa (STERIAN, 2001).
Na psicoterapia, tão importante quanto a escuta do profissional de psicologia, é a sua escuta de si mesmo.
O Associando LivreMente é um blog que vai trazer as mais
diversas informações, textos e contextos da psicologia. Além disso, será um
espaço de divulgação do meu trabalho enquanto Psicóloga Clínica na cidade de
Medianeira – Paraná.
O nome do blog foi inspirado na regra fundamental do método
da Psicanálise, a Associação Livre, que consiste na estimulação para que o paciente
fale livremente sobre aquilo que lhe vem à mente, visando alcançar o objeto da
psicanálise: o inconsciente.
Não trataremos de assuntos inconscientes (pelo menos agora),
mas sim dos distintos e aleatórios temas que envolvem essa profissão que tanto
amo.
Seja bem vindo, fique à vontade,
vamos Associando LivreMente!